Perdemos, na madrugada do dia 17 de junho de 2011, um dos maiores pensadores do Direito no país, o introdutor do Direito Econômico no Brasil - sobre o qual escrevera pela primeira vez em 1949, em sua tese de concurso Ensaio sobre conceituação jurídica do preço, para a cátedra de Economia Política, na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais -, um Professor que dedicava um amor romântico à Escola em que ensinava e um amigo dedicado de seus alunos. Não direi que foi um batalhador incansável - porque, mesmo tendo travado muitas batalhas, como ser humano, também se cansava -. Não direi que foi um herói invencível - porque, por vezes, a incompreensão o cercou e a pequenez com que os sectários de todo tipo que pululam no País procuram os hereges e apóstatas por vezes derrotou belos projetos -. Não direi que tudo o que fez foi acertado - porque, na realidade, muitas vezes, pelo excesso de confiança em alguns que não a mereciam e pelos egos feridos pela franqueza com que sempre se pronunciava, veio a cometer erros involuntários -. Foi o homem que estudou a fundo o Barroco Mineiro, e veio a revalorizá-lo a partir de documentos que encontrou na França, quando esteve a pesquisar ao lado de François Perroux e Claude Lévi-Strauss, consolidando suas pesquisas no extraordinário Minas do ouro e do Barroco, publicado em 2000 pela Editora Barlavento. Foi o homem que mesclou a aula expositiva - a que denominava, jocosamente, "aula de blá-blá-blá" - aos seminários, com excelentes resultados. Foi o primeiro Diretor a ser guindado a esta cadeira por eleição - fato memorável de que tive o privilégio de participar, inclusive fazendo campanha, naquele ano de 1986 -. Foi quem me ensinou o valor da pesquisa para a boa produção do Direito, não somente na teoria, como na própria prática, e demonstrou a insensatez de todas as obsessões com os "ismos" a partir de seu estudo em dois volumes, publicado em 1961, intitulado Do econômico nas Constituições vigentes. Foi quem meus filhos, sem serem seus netos de sangue, chamaram "vovô", sem pestanejar. O Professor Washington Peluso Albino de Souza, a quem devo tudo o que pude produzir de mais consistente no Direito, homenageado em 1995 por coletânea publicada pelo Editor Sérgio Antônio Fabris, intitulada Desenvolvimento econômico e intervenção do Estado na ordem constitucional e em 2009 pelo Instituto dos Advogados de Minas Gerais, foi mais que um Professor, um pai.
Ricardo coloquei no blog http://politicaeconomicadopetroleo.blogspot.com/2011/06/professor-washington-albino-19172011.html
ResponderExcluirObrigado, Wladmir. Embora saiba que está muito aquém do que o Professor mereceria, foi o melhor que pude fazer para exprimir o carinho que lhe sentia, num grau superlativo, de filho a pai.
ResponderExcluirLá se foi o Professor Waschington. Querido amigo, mestre, e referência, com quem tivemos a sorte de conviver em algumas aulas,almoços e caminhadas notáveis pelo Centro de Porto Alegre, em dois momentos distintos,trazido que foi ao nosso convívio diletante, por raro descortino e amizade do Dr. Ricardo Antonio Lucas Camargo, em Aulas memoráveis do Mestre na PGE/RS. Era o Professor, um homem reto e bom. E a sua inteligência revelava pronta abertura ao conhecimento e à pesquisa do Direito Econômico e aos demais campos do Direito da Ciência e da Cultura, com este relacionados. A sua atividade docente, que não se aposentava dos desafios e da lucidez, apesar da idade que chegava..., e o convívio fraterno que com os amigos e discípulos mantinha, revelavam um humanismo instigante e apreço filial por seus alunos e discípulos. Lembro-me do seu caminhar altivo e lépido, já perto dos oitenta anos, com passos firmes e confiantes pelo Centro de Porto Alegre, quando o levamos a conhecer o Solar dos Câmara, a Praça da Matriz, e seus prédios históricos e monumentos circundantes.Fiquei devendo ao Professor Waschington, hospedá-lo em minha casa, como sempre projetava fazer,em conversas com o Dr.Ricardo, trazendo o Professor Waschington para um período mais longo nesta capital, como professor visitante, a convite, possivelmente, da PGE/RS, ESCOLA DA APERGS, FACULDADE DE DIREITO DA URGS,e outros linques que projetávamos estabelecer. Infelizmente,a distância, a correria do dia-a-dia, e a saúde do Professor,e agora a sua morte, não permitiram a concretização deste projeto. Fiquei devendo esta realização ao Amigo de Minas, de quem sempre indagava com interesse ao Dr. Ricardo, pela sua saúde, ensinamentos e produções acadêmicas.
ResponderExcluirLá se foi o Professor Waschington. Com ele há que caminhar seguro pelas Ruas do Direito Econômico.
Todavia, além da saudade e da admiração ao mestre, e do exemplo de lucidez e vida por ele deixados, ficaram como herança viva os diálogos, ensinamentos e lembranças do Mestre, bem como o vigor estruturante de sua obra,assim como a produção científica da Fundação Brasileira de Direito Econômico, por ele criada.
A sua obra Jurídica se tornou conhecida melhor, foi ressaltada,refundada e dimensionada sobre os novos e amplos parâmetros científicos-culturais que o desafio da contemporaneidade descortina, através da profícua obra de direito econônico e de direito em geral, que o Dr. Ricardo Camargo tem produzido a partir do Rio Grande do Sul, e também, em lições e sementes lançadas pelas palestras do Dr. Ricardo nas Universidades e Faculdades de Direito do Brasil, bem como em sites e revistas científicas.
A diuturna produção acadêmica do Dr. Ricardo ressignifica o Direito Econômico, segue sob a inspiração constante da fonte mais pura da cultura das Minas Gerais,mesclada com força da cultura paulista e gaúcha que refletem a dinânica do direito, haurida doutinariamente, principalmente, nas lições precisas de Mestre Waschington na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, onde o Dr. Ricardo fez o Doutorado em Direito Econônico, e foi seu discípulo e orientando, e mais tarde o mais dedicado divulgador do pensamento Waschingtoniano.
Deixamos aqui a nossa homenagem ao Mestre Waschington e abraçamos fraternos e solidários a todos os seus familiares, discípulos e amigos.
Em especial, como tomo conhecimento desta dolorida perda somente nesta data,Dia do Amigo, quero abraçar com o mais profundo afeto e sentimento ao Ricardo, Sheila, Sofia e Guilherme, queridos amigos,que eram a família adotiva do Mestre Wascington nestes pampas.
Obrigado, Geraldo. Tuas palavras, mais que inspiradas, mostram o extraordinário indivíduo que és, bom companheiro de jornada, e que mantém aceso o entusiasmo para construir um mundo menos egoísta. Ricardo.
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